O
que é educação integral?
Podemos
definir o conceito de educação integral a partir das convicções
culturais indígenas e africanas onde “para educar uma criança, é
preciso uma aldeia inteira.”
Para
educar um indivíduo é preciso envolver e articular diversos outros
indivíduos, tempos e espaços. Afinal, somos todos sujeitos
completos, totais, com as mais diversas características,
necessidades e possibilidades de aprendizagem ao longo da vida.
Compreende-se,
então, que:
-A
educação é por definição integral na medida em que deve
atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano e se dá como
processo ao longo de toda a vida. Assim, educação integral não é
uma modalidade de educação, mas sua própria definição;
-Espaços,
dinâmicas e sujeitos são objeto de aprendizagem e também seu fim,
o sentido próprio para o qual converge a construção de qualquer
conhecimento. Assim, mais do que um conjunto de espaços a cidade é
compreendida como território educativo e o binômio
escola-comunidade é sua síntese.
Nessa
perspectiva, todos – escola, família, comunidade e a própria
cidade –, são educadores e aprendizes de um mesmo e colaborativo
processo de aprendizagem.
O
conceito da educação integral dialoga diretamente com a proposta de
cidades educadoras, proposta em que territórios – urbanos ou
rurais – têm sua gestão inteiramente voltada para garantir o
desenvolvimento integral de seus habitantes.
Fundamentalmente,
a educação integral reconhece oportunidades educativas que vão
além dos conteúdos compartimentados do currículo tradicional e
compreende a vida como um grande percurso de aprendizado e reconhece
a própria como uma grande, permanente e fluída escola.
Movimento
Social e Política Pública
Segundo
o educador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais,
Miguel Arroyo, a construção de ações, programas e políticas
públicas com base na educação integral veio das demandas dos
movimentos sociais. A partir da década de 90, com a publicação do
Estatuto da Criança e do Adolescente (1997) e da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (1996), o Brasil passou a compreender no seu
desenho e modelagem de ações, programas e políticas, a educação
integral como resposta às muitas vulnerabilidades das crianças e
adolescentes e ao aprimoramento contínuo da qualidade da
aprendizagem.
Movimentos
dos mais diversos – de mães, de lutas pelas terras, pelo aumento
de vagas em creches, pelo meio ambiente -, ao longo dos anos,
levantaram questões que exigiam uma resposta complexa para o papel
da educação. Para além da vulnerabilidade social, os movimentos
discutiam e ainda discutem questões como reorganização curricular,
não fragmentação dos tempos, espaços e campos de saber, autonomia
dos educandos na construção de seus próprios percursos de
aprendizagem, professores como mediadores do conhecimento e
articulação comunitária e participação das famílias na gestão
e operacionalização das instituições de ensino.
Nessa
perspectiva, desde o Movimento Escolanovista (1932) e Anísio
Teixeira (1950) com a criação do Centro Educacional Carneiro
Ribeiro, com Darcy Ribeiro (1980) na implementação dos Centros
Integrados de Educação Pública (CIEPs) e mais recentemente (2000)
com os Centros de Educação Unificados (CEUs), muito se avançou na
elaboração de programas que dialogavam, ainda que indiretamente,
com as premissas ressaltadas pelos movimentos sociais.
Em
2007, o Ministério da Educação lançou o programa Mais Educação,
que tem como objetivo aumentar a oferta educativa nas escolas
públicas por meio de atividades optativas oferecidas em diálogo
direto com as comunidades em que se inserem.
Comumente,
traçando um paralelo entre todas essas ações, o que caracteriza
uma política de educação integral é a articulação
intersetorial. Ou seja, educar um indivíduo integralmente depende
necessariamente da articulação do próprio poder público – é
uma tarefa que não pode ser exclusiva das secretarias de educação.
Ao contrário, ela prevê necessariamente a integração e
interlocução das agendas, políticas e, na medida do possível,
receitas e orçamentos das mais diferentes frentes: esporte, cultura,
assistência social, habitação, transportes, planejamento, etc.
Como é o sujeito que a Educação Integral quer formar?
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