"A partir de múltiplas práticas cotidianas e banais, a partir de gestos e expressões pouco perceptíveis, pelo silêncio, pelo ocultamento e pela fala, constroem-se, no espaço propriamente escolar, lugares e destinos sociais, produzem-se identidades de gênero e sexuais , identidades de classe e de etnia, marcadas pela diferenciação e pela hierarquia." (LOURO, 1999, p. 91)
Frases corriqueiras nas escolas que reproduzem o currículo opressor hegemônico:
"Isso não é coisa de menina!"
"Você precisa agir como mocinha!"
"Vai reclamar agora, seu chorão?"
"Você é retardado, menino?"
"Você é muito gordinho, fica no gol!"
"Hei menina! Amanhã você vem com um short mais compridinho porque, com esse, se os meninos te agarrarem, não podemos fazer nada... você fica provocando..."
"Cala a boca! Aqui quem manda sou eu."
"Esse aí coitado, não vai dar em nada, é igual ao pai!"
Todas essas frases e tantas outras retiradas do cotidiano escolar comprovam a citação de LOURO e atestam a incapacidade da escola em lidar com a diversidade, o multiculturalismo e qualquer outro conceito diferente do hegemônico.
O currículo que não está expresso nos documentos da escola, mas está presente na vida diária de quem frequenta este espaço para "desenvolver, criar, aprender, resgatar..." tem mais elementos ocultos do que escritos, ou será que não estão tão ocultos assim? A Escola que deveria acolher as diferenças e fazer o exercício da sua convivência, é muitas vezes, o espaço onde mais se reprime, segrega e exclui. A Educação Integral precisa desenvolver o exercício do respeito e da valorização das culturas, já que teremos nossas crianças e adolescentes por um tempo ampliado na escola temos a grande chance de ampliar também as oportunidades de trabalho partindo de um currículo que contemple as necessidades apresentadas por nossos alunos para resolução de seus problemas e que retrate quem é este público atendido, suas demandas, seus questionamentos e as inúmeras facetas que apresentam. O educador, por sua vez, precisa se despir de todos os seus orgulhos e preconceitos para poder trabalhar de forma transparente e democrática a construção do conhecimento.

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